Além do Prático-Inerte
Espaço destinado à troca de informações sobre psicologia
do trabalho, saúde mental, saúde do trabalhador,
perícia psicológica do trabalho, fenomenologia e
existencialismo sartreano.
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Algumas reflexões sobre as famílias e seus conflitos
Participação no Programa Ver Mais na Ric Mais (afiliada da Record em Santa Catarina) com Karem Fabiani em 07/10/2013.
http://ricmais.com.br/sc/ver-mais/psicologa-ensina-a-lidar-com-conflitos-em-familia/#.UlVZZ3g2XNM.gmail
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segunda-feira, 4 de junho de 2012
A inserção do Psicólogo do Trabalho nas atividades de perícias extrajudiciais
A atividade pericial nos setoriais responsáveis pela concessão de
benefícios relacionados à saúde dos trabalhadores é realizada,
via de regra, por profissionais da área da medicina. Estes
profissionais, por sua vez, podem ser auxiliados por especialistas de
diferentes áreas de conhecimento, como é o caso da Psicologia, do
Serviço Social, da Enfermagem, da Fisioterapia, entre outros. O
trabalho destes peritos está orientado para a chamada perícia
extrajudicial, ou seja, perícia de âmbito administrativo, não
motivada por uma demanda judicial.
Para uma melhor compreensão deste cenário é só se pensar nos
afastamentos para tratamento de saúde, por exemplo. Quando um
trabalhador tem sua capacidade laborativa afetada ele vai ao médico
e este emite um atestado para que o trabalhador fique afastado do
trabalho por um certo período de tempo. No caso dos trabalhadores
regidos pela previdência geral (INSS) após o 15º dia de
afastamento o trabalhador precisará passar pela “perícia”. No
caso dos servidores públicos estaduais (regidos pela previdência do
Estado IPREV/SC) a perícia já deve ser agendada caso o afastamento
seja maior que 3 dias. É neste contexto que os peritos
extrajudiciais se inserem, fazendo a avaliação de benefícios
funcionais relacionados à saúde e condições de trabalho dos
trabalhadores/servidores.
No caso da psicologia, a avaliação pericial tem como foco a análise
de fatores relacionados à categoria dos Transtornos Mentais e
Comportamentais, categoria esta que certamente encontra-se como um
significativo motivador de afastamentos do trabalho relacionados às
condições de saúde/doença.
A ação do profissional de psicologia, no que se refere à avaliação
pericial, não se constitui apenas na verificação da (in)capacidade
laborativa dos sujeitos investigados, mas também, implica na
orientação e relativo acompanhamento do servidor no que se refere à
adesão e continuidade dos tratamentos recomendados para cada quadro
clínico.
Neste sentido, faz-se importante a participação do profissional da
área da psicologia enquanto perito examinador que, em parceria com o
médico perito, poderá conhecer detalhadamente o quadro de
saúde/doença do trabalhador periciado, orientando, acompanhando e
auxiliando este sujeito a enfrentar as situações de adoecimento com
maior assertividade, visando a retomada de sua qualidade de vida e a
possibilidade de um retorno mais breve às suas atividades
laborativas.
A inserção do profissional de psicologia na atividade de avaliação
pericial para a concessão de benefícios funcionais se justifica por
sua especialização que tem como foco de investigação os
Transtornos Mentais e Comportamentais. Uma vez que o psicólogo se
insere no grupo de peritos avaliadores, contribui com a possibilidade
de maior detalhamento do quadro clínico do trabalhador, auxiliando
ainda na realização de orientação e encaminhamentos referentes ao
diagnóstico, tratamento e demais cuidados relativos à saúde mental
do trabalhador atendido. E pode, por fim, acompanhar o tratamento
e/ou medidas de controle pelas quais o trabalhador necessite se
submeter.
A atividade pericial psicológica se constitui como um campo de
atuação do profissional da área da psicologia, e como em qualquer
processo de avaliação psicológica possibilita que o psicólogo se
utilize das mais variadas metodologias de análise do objeto a ser
investigado. O protocolo de avaliação poderá incluir entrevistas
com o servidor (aberta ou semi estruturada ou fechada), exame do
estado mental, utilização de testagem psicológica, análise de
prontuário de saúde, perícia móvel (domiciliar ou no local de
trabalho), entrevista familiar e/ou com colegas de trabalho,
observação in loco, solicitação de relatórios emitidos
por profissionais assistentes (médicos, psicólogos, etc) entre
outros procedimentos que o psicólogo julgar necessário.
Somando-se esforços de profissionais de diversas áreas do
conhecimento científico pode-se chegar a um entendimento mais
complexo e detalhado da situação de saúde/doença dos
trabalhadores, identificando possíveis fatores de riscos que estejam
influenciando este contexto e viabilizando a apropriação reflexiva
por parte do trabalhador, e do empregador, para que ambos possam
discutir alternativas que visem a promoção da saúde de todos
os envolvidos nos processos de trabalho.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Discussão sobre Assédio Moral na SIPAT
Aconteceu no dia 12 de setembro deste ano, na I Semana Interna de Prevenção de Acidentes (SIPAT) da Secretaria de Estado da Administração, em Florianópolis/SC a tratativa do tema do Assédio Moral no Serviço Público. O evento trouxe o tema de uma maneira diferenciada, contratando o grupo “Articulação Cultural Comunidade Cênica” que desenvolveu um belíssimo trabalho de construção e encenação da Peça: “A Moral do Assédio”. A peça que misturou tons de drama e comédia serviu de ensejo inicial para a discussão que se seguiu sobre o Tema do Assédio Moral no Serviço Público.
O grupo de artistas se reuniu com as psicólogas da Gerência de Saúde Ocupacional da Secretaria da Administração para melhor compreender os conceitos, as legislações existentes, os fatores de riscos psicossociais a que os servidores geralmente estão submetidos e as situações cotidianas vivenciadas no contexto laborativo. O resultado foi uma peça teatral muito bem articulada que reproduzia situações com as quais os servidores se identificavam, se emocionavam e ao mesmo tempo conseguiam compreender as implicações e decorrências dessa prática abusiva nos contextos de trabalho.
Na sequência foi feita uma explanação técnica sobre o tema do Assédio Moral no Serviço Público, com a apresentação conceitual vinculada à peça teatral apresentada. E por fim, montou-se uma mesa redonda para a discussão do tema, abrindo para questionamentos da plateia presente. A mesa contou com a participação de uma assistente social (Izabel Carolina Martins Campos) e duas psicólogas do trabalho (Alessandra da Cruz Serafim e Kamilla Valler Custódio). Foi um prazer compartilhar a mesa com as colegas Alessandra e Izabel e poder trazer à tona um assunto tão relevante nos ambientes organizacionais atuais.
Fica aqui a dica de uma formatação muito interessante para se falar sobre o tema do Assédio Moral. Colocar uma peça teatral bem produzida para puxar o assunto de maneira descontraída e com seriedade foi uma ideia inteligente da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e que possibilitou introduzir o assunto de forma mais leve, tendo uma boa aceitação dos servidores participantes do evento.
O grupo de artistas se reuniu com as psicólogas da Gerência de Saúde Ocupacional da Secretaria da Administração para melhor compreender os conceitos, as legislações existentes, os fatores de riscos psicossociais a que os servidores geralmente estão submetidos e as situações cotidianas vivenciadas no contexto laborativo. O resultado foi uma peça teatral muito bem articulada que reproduzia situações com as quais os servidores se identificavam, se emocionavam e ao mesmo tempo conseguiam compreender as implicações e decorrências dessa prática abusiva nos contextos de trabalho.
Na sequência foi feita uma explanação técnica sobre o tema do Assédio Moral no Serviço Público, com a apresentação conceitual vinculada à peça teatral apresentada. E por fim, montou-se uma mesa redonda para a discussão do tema, abrindo para questionamentos da plateia presente. A mesa contou com a participação de uma assistente social (Izabel Carolina Martins Campos) e duas psicólogas do trabalho (Alessandra da Cruz Serafim e Kamilla Valler Custódio). Foi um prazer compartilhar a mesa com as colegas Alessandra e Izabel e poder trazer à tona um assunto tão relevante nos ambientes organizacionais atuais.
Fica aqui a dica de uma formatação muito interessante para se falar sobre o tema do Assédio Moral. Colocar uma peça teatral bem produzida para puxar o assunto de maneira descontraída e com seriedade foi uma ideia inteligente da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e que possibilitou introduzir o assunto de forma mais leve, tendo uma boa aceitação dos servidores participantes do evento.
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
II Seminário Catarinense de Prevenção ao Assédio Moral no Trabalho
Nos dias 25 e 26 de agosto deste ano acontecerá em Florianópolis o 2º Seminário Catarinense de Prevenção ao Assédio Moral no Trabalho. O evento tem a proposta de discutir com a sociedade civil a necessidade da prevenção e do combate a essas formas de violência.
O Seminário contará com palestras de pesquisadores referência em nosso país sobre o tema do Assédio Moral, como Margarida Barreto e Roberto Heloani, mesas redondas e relatos de investigação científica, casos e experiências. Os eixos temáticos a serem abordados são: aspectos jurídicos do assédio moral; assédio moral e discriminação; assédio moral e saúde; assédio moral em organizações privadas/públicas/3º setor; consequências do assédio moral; contexto histórico, social e cultural do assédio moral; correntes teóricas no estudo do assédio moral; cultura organizacional e assédio moral; direitos humanos e assédio moral; gestão de pessoas e assédio moral; liderança e assédio moral; práticas de prevenção e intervenção ao assédio moral.
Confira mais detalhes clicando aqui.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Dia Nacional de Luta contra o Assédio Moral
No dia 02 de maio comemora-se o Dia Nacional de Luta contra o Assédio Moral, instituído pelo já aprovado Projeto de Lei nº4.326/2004 de iniciativa da Deputada Federal Maria José da Conceição Maninha.
O assédio moral é um fenômeno em que há a submissão da vítima a práticas repetitivas e prolongadas de condutas de violência psicológica extrema, em que prevalecem relações desumanas sem ética, e com comunicação hostil. Essas atitudes podem ocasionar dano físico e psicológico na pessoa vitimada, gerando adoecimento, incapacidade e até a morte.
Imagem retirada do "Site Assédio Moral no Trabalho" www.assediomoral.org |
Sob o olhar da abordagem existencialista sartreana sobre este fenômeno, podemos pensar no assédio moral como uma tentativa do Outro objetivar o meu ser e tentar cercear minha liberdade.
Se pensamos o homem com a compreensão de que este é uma liberdade em movimento e que escolhe-se cotidianamente através de seus atos, podemos também pensar o Outro como uma liberdade, tal qual qualquer homem. Assim, quando tenho diante de mim um algoz que de várias maneiras tenta cercear minha liberdade de escolha e roubar minha dignidade através de humilhações, gritos, agressões generalizadas, e eu, por conseqüência, me coloco diante do olhar deste Outro como essa vítima a ser aprisionada, temos o assédio moral como eixo condutor dessa relação de poder.
Inicialmente as ações do algoz parecem ser isoladas e desconexas, mas com o passar do tempo as agressões (geralmente veladas) tornam-se mais intensas e dirigidas a um alvo específico, a vítima do assédio moral.
Se permito, por qualquer motivação que posso ter, que o Outro me objetive como alguém indefeso e que encontra-se desprovido de poder de reação, aos poucos vou sendo para o Outro um alvo fácil de sua manipulação. De fato a relação passa a ser significada como desigual quanto ao poder que a vítima e o algoz tem, um diante do outro. A vítima se sente totalmente inviabilizada frente ao seu agressor, e o algoz sente que tem em suas mãos o poder de controlar a liberdade do outro, garantindo que ele (a vítima) não será obstáculo para a realização de seu projeto.
Como olhamos para a relação algoz/vítima de assédio moral somente quando a situação já está com desfechos de difícil resolução, temos a míope visão de que “o algoz sempre foi assim” e que seu poder é intransponível; e a vítima, por sua vez, é um ser humano indefeso que não tem condições de almejar qualquer reação à situação de assédio.
De fato, o assédio moral pressupõe como possíveis conseqüências o adoecimento da pessoa que é assediada, trazendo graves repercussões na saúde do sujeito, e pode fazer com que a vítima se sinta cada vez mais impotente e fragilizada, chegando inclusive a cometer suicídio; mas não podemos diante disso pensar que o Outro é o único responsável pelo meu sofrimento e que eu nada posso fazer a respeito. Desta forma, fico paralisado, esperando que o Outro venha e me tire dessa situação de dor. Atribuo, assim, unicamente ao Outro a possibilidade de transcender a esta situação que me adoece.
Ao passo que a vítima assim se posiciona, como vítima, fica cada vez mais distante a possibilidade de tomar novamente em suas mãos sua liberdade aprisionada. Ainda que em sofrimento e dentro de um contexto de limitações e contingências, o homem é ontologicamente livre e não pode não o ser.
O que eu gostaria de sinalizar frente a este movimento de lutar contra o assédio moral, principalmente no contexto do trabalho, que é onde atuo profissionalmente, é que possamos nós, seres humanos, sermos uns para os outros mediações importantes para amparar pessoas vitimizadas pelo assédio moral, acolhendo-as e orientando-as quanto às possibilidades de enfrentamento da situação. Que possamos nós, psicólogos, sermos interlocutores para a minimização dos efeitos dos conflitos interpessoais e que busquemos sempre promover relações humanas com mais alteridade e ética.
domingo, 1 de maio de 2011
Um balanço do II CIAPOT
Gostaria de registrar aqui o meu olhar sobre os trabalhos apresentados e os profissionais que pude ouvir e ver no II Congresso Iberoamericano de Psicologia das Organizações e do trabalho. Cheguei a algumas conclusões ao final deste evento e acho importante posicionar-me diante de algumas situações.
Primeiramente reafirmei um posicionamento que já tinha, e que a cada dia percebo suas implicações: é fácil ser psicólogo, difícil é ser um bom psicólogo. Claro que isso não é uma prerrogativa exclusiva da Psicologia, mas é à luz dessa ciência que faço minhas considerações iniciais.
De maneira geral o CIAPOT foi um evento interessante. Apesar de ter visto alguns profissionais com certas complicações metodológicas, éticas e teóricas, encontrei também muita gente boa falando de temas fundamentais para o desenvolvimento da Psicologia do Trabalho. Como as apresentações aconteciam ao mesmo tempo em várias salas diferentes, não pude ver todos os trabalhos que pretendia, mas diante do que consegui apreender, afirmo que temos hoje no Brasil valiosos profissionais atuando nos contextos de trabalho, quer seja operacionalmente ou através de pesquisas científicas.
Minha apresentação no II CIAPOT |
- Brasília tem já há algum tempo um forte grupo de estudiosos de Psicologia do Trabalho, com alguns núcleos na Universidade de Brasília (UNB) que apresentam contribuições de extrema importância. Senti falta neste evento do Wanderley Codo, profissional já há tempos nesta área e com trabalhos bem significativos.
- Aqui de Santa Catarina pude ver alguns profissionais valiosíssimos como Vera Roesler e Iúri Novaes Luna, e reencontrar o grupo de psicólogas que atuam junto à Coordenadoria de Saúde Ocupacional da polícia civil que tem desenvolvido um trabalho muito importante com servidores públicos desta esfera.
- O Rio de Janeiro também estava muito bem representado no CIAPOT por Lúcia Helena França e Fernando José Gastal de Castro (que é de SC mas atualmente está na UFRJ).
O evento também me serviu de base para refletir sobre o que venho fazendo enquanto profissional da psicologia implicada na relação que o ser humano estabelece com seu contexto do trabalho. Constatei, por fim, que o campo da pesquisa em Psicologia do Trabalho se configura de maneira muito atraente aos meus olhos, já que ao constituir-se enquanto ser humano, o homem é permeado de maneira muito impactante por suas mediações com o trabalho. Logo, compreender a relação que o sujeito tem com este perfil de sua vida é, sem dúvida, um instrumento muito valoroso que viabiliza ao psicólogo um entendimento maior a respeito da constituição desse homem e uma consequente assertividade na intervenção frente a este sujeito.
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